Estamos vivendo tempos sombrios na política no Brasil. Caíram como uma bomba no Congresso Nacional as delações divulgadas amplamente pela imprensa nessa quarta-feira, 17, nas quais os donos da JBS, Joesley Batista e seu irmão Wesley, relatam que o presidente golpista Michel Temer solicitou a compra do silêncio do Eduardo Cunha. O senador Aécio Neves foi gravado pedindo R$2 milhões a Joesley, dinheiro que disse ser para pagar advogado que o defende na Lava Jato, mas foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. O repasse foi feito a um assessor do senador Zezé Perrella, que fez o depósito na conta da empresa Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de propriedade do Gustavo Perrella. Vale ressaltar que essa empresa é dona do helicóptero apreendido com 445 quilos de cocaína, em 2013.
A máscara do Aécio, Temer, Cunha e dos Perrellas caiu, comprovando que Dilma foi injustamente destituída do cargo de presidenta e essa quadrilha tomou o poder porque se considera acima da Lei. Não restam dúvidas: foi golpe! Ao ignorar o resultado das urnas e a vontade popular, Temer e seus comparsas demonstraram que a ambição do poder pelo poder está acima do respeito à democracia. Além disso, a pressão para aprovar a terceirização, a Reforma Trabalhista (em andamento no Senado), e a Reforma da Previdência (ainda será votada na Câmara) confirmam o desrespeito dos golpistas em relação aos direitos trabalhistas e os anseios do povo brasileiro.
Há anos tenho denunciado e cobrado da Justiça e da Polícia Federal a apuração da relação promíscua entre Aécio e os Perrellas. Nada foi apurado sobre o famoso caso do “helicoca”, citado anteriormente. O que dizer de aeroportos construídos com dinheiro público em propriedade particular? E por que, diante de tudo isso, Aécio e Temer ainda não foram presos? Se fossem do PT com certeza já estariam na cadeia. Não podemos deixar de citar também a hipocrisia do juiz Sérgio Moro que em nada se manifestou com relação à Andreia Neves; à esposa do Cunha, Cláudia Cruz; e à filha Danielle Dytz da Cunha. Todas elas não têm foro privilegiado e já deveriam estar na cadeia há muito tempo.
As investigações contra a corrupção, que inicialmente tinha como objetivo criminalizar os movimentos sociais e a esquerda, sobretudo acabar com o PT, fugiram do controle dos golpistas. Mesmo diante das tentativas de obstruir a Justiça, a casa caiu para os que se consideravam “salvadores da pátria”. E o povo que foi às ruas com camisa verde amarela, bateram panela e pediram o impeachment da Dilma, agora percebem que foram massa de manobra de corruptos com projetos ambiciosos.
O que nos resta? Estou no segundo mandato de deputado federal e tenho assistido, com pesar, ao enfraquecimento das instituições, sobretudo as políticas. O povo brasileiro está descrente, uma vez que muitos parlamentares eleitos para representar a vontade popular, agem única e exclusivamente para enriquecimento ilícito, para atender aos seus próprios interesses e ao capital internacional. Apesar do cenário desfavorável, não podemos perder as esperanças. Precisamos nos pautar pelos bons exemplos, pela ética, pela transparência e pelo trabalho incansável em favor da população, especialmente os mais pobres. Esperamos que a Justiça seja feita e que o voto popular, democrático e direto seja respeitado. Exigimos a renúncia do Temer e diretas já! Restam-nos as ruas para manifestar nossa indignação!
Padre João – Deputado Federal pelo PT de Minas Gerais