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Parlamentares e entidades denunciam à ONU violação aos direitos humanos no Ocupa Brasília

Diante das violações de direitos humanos presenciadas por parlamentares e entidades ligadas aos movimentos populares no Ocupa Brasília, manifestação pelas Diretas Já e contra as reformas da Previdência e Trabalhista, ocorrida na última quarta-feira, 24, foi encaminhada carta a Organização das Nações Unidas (ONU), denunciando a postura autoritária e desmedida do Governo Brasileiro. Leia carta na íntegra.

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Ao Alto Comissariado das Nações Unidas, Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e entidades defensoras de Direitos Humanos do Brasil e do mundo

Considerando que os direitos à vida, à liberdade, à segurança e à integridade física e mental são constitutivos do sistema nacional e internacional de proteção aos Direitos Humanos e se situam em posição hierárquica suprema no rol dos direitos fundamentais, servindo como alicerce a todos os demais direitos;

 

Considerando o disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, promulgado no Brasil pelo Decreto nº 594, de 6 de julho de 1992, especificamente em seus Arts. 6º, 7º e 19º, e na Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, promulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991;

 

Considerando a Constituição Federal em seu art. 5º, incisos IV, IX, XVI, que asseguram os direitos humanos de reunião e de livre manifestação do pensamento a todas as pessoas pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

 

Considerando a Resolução 06 de 2013 do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que dispõe sobre recomendações para garantia de direitos humanos e aplicação do princípio da não violência no contexto de manifestações e eventos públicos, bem como na execução de mandados judiciais de manutenção e reintegração de posse;

 

Destacando a nota de repúdio emitida em 24 de maio de 2017 pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos do Brasil (em anexo), relatamos o que segue;

 

Cidadãs e cidadãos brasileiros de várias faixas etárias e de todo o território nacional, integrantes de movimentos sociais e sindicatos de todo Brasil se reuniram durante a manhã de 24 de maio em frente ao estádio Mané Garrincha e seguiram em uma marcha pacífica rumo à Esplanada dos Ministérios, centro do poder político do país. Esta manifestação, convocada contra as reformas previdenciária e trabalhista em curso no Congresso Nacional, e que recentemente inseriu dentre suas reivindicações as eleições diretas para a Presidência da República, foi duramente reprimida como há tempos não se via num Estado que se afirma democrático.

 

A marcha transcorria pacificamente, com bandeiras multicoloridas, músicas e expressões criativas da cultura brasileira, até que policiais do Governo do Distrito Federal e da Força Nacional, com um aparato gigantesco e jamais visto no período pós-ditadura, impediram a instalação do ato.

 

As agressões indiscriminadas aos manifestantes, inclusive contra mulheres, crianças e idosos se deram de diversas formas, desde cassetetes, uso da cavalaria, spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, balas de borracha, helicópteros e até mesmo o emprego de armas de fogo.

 

Atitude criminosa que resultou em 49 feridos notificados em atendimento hospitalar. Ao agirem indiscriminadamente e sem controle, as forças de segurança feriram pessoas que exerciam seu direito de expressão e manifestação, ou trabalhavam na cobertura dos atos, como jornalistas e cinegrafistas.

 

Deputadas (os) federais e senadoras (es) que participaram do ato também foram alvo da repressão e tiveram obstruída sua atribuição constitucional, não sendo ouvidos pelo comando das forças repressivas no local para que cessassem a violência.

 

Após a lamentável atuação dos agentes do Estado, o presidente Michel Temer editou o Decreto de 24 de maio de 2017, que instituiu a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), autorizando às Forças Armadas atuarem na repressão à liberdade de manifestação em Brasília.

 

Além disso, a decisão é arbitrária por não observar pressupostos legais para uso da medida, como a necessária comprovação do esgotamento de todos os instrumentos destinados à preservação da ordem pública, e não informou ao governador do Distrito Federal sua decisão, estabelecendo que durante oito dias, ficaria à cargo do Ministério da Defesa definir a área de atuação das Forças Armadas.

 

Os relatos de violações de Direitos Humanos se multiplicam no Brasil. No mesmo dia em que a barbárie foi praticada por agentes do Estado em Brasília, dez trabalhadores rurais foram mortos no município de Redenção, no Pará, também em uma ação da Polícia Militar, totalizando 36 pessoas assassinadas em conflitos fundiários no campo apenas em 2017.

 

Em paralelo, observamos um desmonte progressivo das estruturas do Estado responsáveis pela mediação de conflitos no campo e de apoio aos trabalhadores rurais e minorias, como por exemplo, na extinção da Ouvidoria Agrária, recriada posteriormente com estrutura precarizada.

 

Este cenário de intensificação nas violações de Direitos Humanos no Brasil é de conhecimento da comunidade internacional. Em maio deste ano, durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, na apresentação do relatório do governo brasileiro para a Revisão Periódica Universal, 119 países fizeram mais de 200 recomendações sobre temas relacionados aos Direitos Humanos no Brasil.

 

Desta maneira, apresentamos esta denúncia e conclamamos a Organização das Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos e a comunidade internacional a repudiar a postura autoritária e desmedida do Governo Brasileiro, encaminhando ao país os Relatores Especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU nos temas relacionados ao objeto dessa denúncia.

 

Solicitamos ao Alto Comissariado da ONU, uma visita in loco para análise das graves violações dos direitos humanos.

 

Assinam:

Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS) e ex-Ministra Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

 

Paulão, deputado federal (PT-AL) e presidente da Comissão de Direitos Humanos

 

Luiza Erundina de Sousa – deputada federal (PSOL-SP)

 

Aly Muritiba – cineasta

 

Ana Júlia Ribeiro – estudante secundarista

 

Ana Moser – empreendedora social

 

Ana Petta- Atriz

 

Ana Paula Siqueira – RP e social media

 

Andréa Castello Branco – jornalista

 

Andrea Nathan – jornalista

 

Bernardo Cotrin – Fórum 21

 

Bianca Comparato – atriz

 

Breno Bergson – advogado

 

Bruno Garcia – ator

 

Bruno Monteiro – jornalista, produtor e ativista de Direitos Humanos

 

Bruno Trezena – jornalista

 

Carlos Zarattini, líder da bancada de deputados federais do PT (PT-SP)

 

Carolina Kasting – atriz

 

Central de Movimentos Populares (CMP)

 

Central dos Trabalhadores do Brasil

 

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

 

Central Única dos Trabalhadores

 

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

 

Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ)

 

Coletivo Juntos

 

Dandara Tonantzin – Enegrecer

 

Danielle Freitas Kattah – produtora

 

Daniel Filho – produtor e diretor de cinema

 

Danilo Moreira – Gestor Público

 

David Miranda- Jornalista Vereador

 

Débora Lamm – atriz

 

Edmilson Rodrigues, deputado federal (PSOL-PA)

 

Efraim Neto – Jornalista

 

Fabio Malini – professor Labic/Ufes

 

Fátima Bezerra, senadora (PT-RN)

 

Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

 

Fernanda Takai – cantora

 

Fernando Sato – ativista e jornalista

 

Flávia Lacerda – direção audiovisual

 

Flávia Gianini – jornalista

 

Flávio Renegado – Músico

 

Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito

 

Fora do Eixo

 

Gabriella Gualberto – jornalista

 

Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ)

 

Glória Médici – professora Ifes

 

Guta Nascimento – jornalista

 

Helena Petta – médica

 

Henrique Fontana – Deputado Federal

 

Herson Capri – ator

 

Hugo Cesar – Ativista

 

Iriny Lopes, ex-Ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República

 

Ivan Valente, deputado federal (PSOL-SP)

 

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

 

Jandira Feghali, deputada federal (PCdoB-RJ)

 

Jean Wyllys, deputado federal (PSOL-RJ)

 

Joanna Maranhão (atleta)

 

Kátia A.S.Brenicci – advogada

 

Laís Bodanzky – cineasta

 

Léo Casalinho – ativista

 

Leoni – músico

 

Leonardo Boff – teólogo

 

Levante Popular da Juventude

 

Lucia Helena – psicóloga

 

Luiz Couto – deputado federal (PT-PB)

 

Macaé Evaristo – professora

 

Maeve Jinkings – atriz

 

Manno Góes – músico

 

Manuela Davila – jornalista, Deputada Estadual

 

Marcia Miranda – professora e fundadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis

 

Márcio Jerry – Jornalista, presidente PCdoB MA, Secretário Estado Comunicação/Maranhão

 

Margarida Barbosa – professora

 

Margarida Salomão – deputada federal (PT-MG)

 

Maria de Fátima Mendonça- Enfermeira

 

Maria do Pilar Lacerda – educadora

 

Marilena Garcia- educadora

 

Marcia Tiburi – professora de filosofia

 

Maximiliano Nagl Garcez – advogado sindical

 

Mônica Martelli – atriz

 

Monique Prada – trabalhadora sexual, escritora, CUTS

 

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)

 

Movimento Quero Prévias

 

Naná Rizinni – musicista e produtora musical

 

Olivia Byington – cantora

 

Orã Figueiredo – ator

 

Padre João, deputado federal (PT-MG)

 

Patricia Pillar – Atriz

 

Paulo Paim – senador (PT-RS)

 

Paulo Pimenta – jornalista e deputado federal

 

Pedro Henrique França – jornalista e roteirista

 

Pedro Tourinho – médico, vereador em Campinas

 

Pepe Vargas – deputado federal (PT-RS) e ex-Ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

 

Rafael Dragaud – Diretor

 

Renan Quinalha – advogado

 

Roberta Calza – atriz

 

Rodrigo Cebrian – diretor

 

Rosana Maris- Atriz e Produtora Cultural

 

Sâmia Bonfim – vereadora em São Paulo

 

Sérgio Mamberti, ator

 

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

 

Tamara Naiz – Pesquisadora e Presidente da ANPG

 

Thadeu de Mello e Silva – advogado

 

Thássia Alves – jornalista

 

Tico Santa Cruz – artivista

 

União da Juventude Socialista (UJS)

 

União Nacional dos Estudantes (UNE)

 

União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)

 

Vanessa Grazziotin, senadora (PCdoB-AM)

 

Vinicius Cascone – Advogado

 

Wadih Damous, deputado federal (PT-RJ)

 

Wallace Ruy – Atriz

 

Wagner Moura – ator

 

Warley Alves – ativista e produtor cultural

 

Wolney Queiroz – Deputado Federal PDT-PE

 

Zé Geraldo, deputado federal (PT-PA)

 

Zélia Duncan – cantora

 

Fonte: ptnacamara.org.br

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