À meia noite do dia 3 de dezembro de 1984, 40 toneladas de Isocianato de Metilo (MIC) vazaram de uma fábrica de agrotóxicos da Union Carbide, corporação estadunidense, na cidade de Bhopal, capital de Madhya Pradeshcon, na Índia. O MIC entrou na corrente sanguínea das pessoas que o inalaram, causando danos aos olhos, pulmões, cérebro e aos sistemas imunológicos, reprodutivos musculoesqueléticos e outros, assim como à saúde mental. Oito mil pessoas morreram nos 3 primeiros dias e mais de meio milhão sofreram intoxicações graves. O Dia Mundial de Combate ao agrotóxico foi criado para lembrarmos das vítimas e desta ocasião.
Em pleno ano de 2019, no Brasil, rememoramos esta tragédia continuada e nos colocamos lado a lado com Bhopal. Aqui mesmo, em nossas terras, há um governo que vai na contramão de tudo que a Organização das Nações Unidas (ONU) e o mundo vêm pedindo: reduzir a quantidade de agrotóxico para garantirmos saúde e qualidade de vida. O alimento limpo e saudável é uma necessidade do corpo humano. Precisamos garantir a Segurança Alimentar e Nutricional do nosso povo, que já não aguenta mais comer e beber veneno.
O veneno não está somente nos alimentos, mas, também, em nossos solos, nos lençóis freáticos e nas nossas águas. Muitos dos municípios brasileiros têm em sua composição um coquetel de veneno, em muitos casos eles chegam a 29 tipos diferentes. Precisamos dar um basta nesta política do governo Bolsonaro em liberar desenfreadamente o veneno para a mesa e as torneiras dos habitantes desta nação.
O governo de Jair Bolsonaro já bateu recordes históricos com a liberação de agrotóxicos. São 467 novos tipos só em 2019. Os números assustam e, como se não bastasse isso, outra terrível situação é a contaminação do meio ambiente por tóxicos provenientes da mineração e que vem afetando nosso ecossistema e levando doenças sérias a população, como ocorreu com o crime da mineradora Samarco (Vale/BHP Billiton), em Mariana e da Vale, em Brumadinho. Os materiais pesados, os venenos, atingiram os rios e os povos. Precisamos mudar o nosso modo de produzir. É possível consumir e, mesmo assim, ter consciência ambiental. Nesta data, convidamos a todos para esta reflexão.
Padre João, deputado federal (PT-MG)