É comum que ouçamos pessoas falando mal das eleições e descontentes com a política. Embora várias questões sejam justificáveis, visto os crescentes atentados à democracia brasileira, precisamos aprofundar os discursos e as reflexões. A política é uma arte de administração dos bens públicos — atividade de potencialização do Bem Viver comunitário. Você não vive isolado no mundo. Vivendo em sociedade, todos nós necessitamos deliberar, fortalecer determinados laços e fazer do cuidado uma prática cotidiana.
Boa parte das pessoas que acham a atividade política um mal desnecessário, ao fundar uma associação, um clube ou uma empresa, logo criam estatutos e regimentos internos; constituem diretorias, escolhendo presidentes, secretários e tesoureiros. Não é? Pois então, assim também acontecem nos municípios, nos estados e no país. A administração dos bens públicos e a escuta atenciosa dos interesses do povo, bem como das suas principais necessidades, é essencial para a uma boa dinâmica da vida social.
A governança é fundamental para orientar as políticas públicas e harmonizar as relações entre as pessoas, tendo em vista o cuidado para que o pão de cada dia e a dignidade não faltem a ninguém. É aqui que lembramos a importância das eleições. Você acha justo que os fundadores das associações ou dos clubes escolham eles mesmos os diretores dessas instituições, sem a participação de seus membros ou filiados? Não parece ser essa a opção mais justa, concorda? Do mesmo modo, poderíamos pensar nos estados e municípios nos quais vivemos: o pleito é uma oportunidade de participação no processo de escolha daqueles que administrarão a coisa pública.
O nosso país é uma República Federativa. “Republica” denota a forma de governo onde a população é representada por seus governantes: o poder, único e soberano, emana do povo. “Federativa” porque é formada por estados-membros que se dividem em municípios — entes federativos. Cada um desses entes tem poderes próprios, podem eles mesmos legislar, executar e julgar. Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, o povo escolhe, legitimamente, os seus representantes. Por isso, somos convocados para elegermos prefeitos, governadores e presidente, bem como vereadores, deputados e senadores; os três últimos aqueles que têm o poder típico para elaborar leis e fiscalizar o bem público.
Pensando constitucionalmente, poderíamos perceber equívocos em quem minimiza as importâncias das eleições, desprezando, quem sabe, o quanto elas são essenciais para a democracia. A democracia é um patrimônio do povo, um regime que permite a nossa participação e consequente representação. A nossa cidadania, portanto, pelo direito de votarmos em quem quisermos, seja para o executivo, seja para o legislativo.
Fica a nossa motivação para você fazer um bom exercício do seu direito: conheça a história e as propostas dos candidatos e, no dia 15 de novembro, vá às urnas. Não deixe que outros escolham por você os vereadores e prefeito que farão a gestão do seu município por quatro anos. Priorize as candidatas e os candidatos que têm zelo pela democracia. Serão eles, certamente, que estarão aptos a propor orçamentos participativos e mandatos coletivos — formas eficientes de aproximar o povo da gestão daquilo que é de todas e todos. Quando os nossos eleitos nos representam, ouvindo atenciosamente os interesses da população, a democracia é, de fato, participativa.