A palavra “economia” vem do grego e do latim e quer dizer “administração de uma casa”. Não à toa, o Papa Francisco insiste que deveríamos tratar o mundo como um lar, adotando medidas sistemáticas de cuidado com relação a ele, considerando-o uma Casa Comum. “Economia de Francisco” é o nome do evento que começa nesta quinta (19) e segue até 21 de novembro. Jovens de todo o mundo, estudiosos, economistas, ativistas e empreendedores, foram convidados pelo pontífice para repensar o modelo neoliberal capitalista, constantemente criticado por Francisco em suas encíclicas. São Francisco de Assis, o santo que abdicou das suas próprias riquezas em busca de um novo modo de viver, é a inspiração para o encontro.
A Economia de Francisco tem como objetivo aproximar jovens lideranças e pensadores, seja quais forem suas crenças e nacionalidades, para a reflexão e construção de um mundo melhor e possível. Por razão da pandemia de covid-19, o evento acontecerá de modo totalmente online. A crise sanitária, aliás, levará os participantes a intensificarem as ponderações, já que reforçou as desigualdades sociais. Cerca de dois mil jovens, 30 deles brasileiros, terão a missão de encontrar um novo modelo econômico, mais justo, fraterno e humano, como alternativa aos paradigmas neoliberais. O encontro discute as seguintes temáticas: trabalho e cuidado; gestão e dom; finança e humanidade; agricultura e justiça; energia e pobreza; lucro e vocação; políticas para a felicidade; CO2 da desigualdade; negócios e paz; economia e mulher; empresas em transição; vida e estilos de vida.
Canta, Francisco!
Em março de 2013, quando o jesuíta Jorge Bergoglio apareceu na varanda central da Basílica de São Pedro e escolheu ser chamado como Papa Francisco, anunciou ao mundo seu modo de pensar alinhado aos valores franciscanos. São Francisco de Assis é conhecido como o santo que decidiu viver a pobreza e abraçar os pobres, além de dedicar intenso amor ao meio ambiente e a todas as criaturas, chamadas por ele de “irmãs”. O Convite do Santo Padre é, com efeito, para que o mundo tenha no horizonte a “lógica do dom” em detrimento da “lógica do lucro”: que todos sejamos partícipes da Casa Comum, dedicando nossas capacidades e talentos com profundo significado, privilegiando as relações de bem viver comunitário em vez do individualismo.
O Papa Francisco vem reafirmando o compromisso com os mais vulneráveis, comum à Igreja Latino-Americana. Duas das encíclicas do pontífice são provas disso. Intituladas “Laudato Si’” (Louvado Seja) e, a mais recente, “Fratelli Tutti” (Todos Irmãos). Em ambas, Francisco faz duras críticas ao modelo neoliberal. A primeira, na qual apresenta uma ecologia integral preocupada com a Casa Comum, dedica especial atenção ao modo de produção capitalista que descarta, degrada e desconsidera algumas vidas humanas. A última encíclica intensifica as ponderações, incentiva uma “cultura do encontro” que planeja eliminar as desigualdades. “É possível aceitar o desafio de sonhar e pensar em outra humanidade. É possível desejar um planeta que assegure terra, teto e trabalho para todos”, afirma o Santo Padre.
Leia a Fratelli Tutti na íntegra, em português: http://www.vatican.va
Mandato coletivo: por terra, teto e trabalho
Por duas vezes, o Papa se reuniu com os movimentos sociais. Em 2014, o pontífice esteve em Roma com mais de 100 representantes de movimentos da América Latina, 30 bispos engajados nas lutas populares e 50 agentes de pastorais. Em 2015, o Papa veio ao encontro dos movimentos sociais latino-americanos que reuniu 1.500 lideranças de vários países do continente, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. “Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos…. E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco” afirmou o Santo Padre.
Em atenção aos valores que norteiam as investidas transformadora do Papa Francisco, o deputado federal Padre João tem trabalhado na defesa da Mãe Terra, buscando eliminar o uso dos agrotóxicos, incentivando a produção agroecológica e orgânica e o fortalecimento do modo diversificado de produção da agricultura familiar. A ideia é favorecer o equilíbrio natural com os projetos de agricultura urbana e casas de sementes comunitárias. Além disso, o parlamentar incentiva as associações comunitárias, cooperativas e grupos informais, esforçando-se pela aprovação do projeto de lei (PL) 4685/2012 — atual PL 8666/2019 —, que dispõe sobre a Política Nacional de Economia Solidária e os empreendimentos econômicos solidários e cria o Sistema Nacional de Economia Solidária. Padre João é coautor da proposta.