A Comissão de Direitos Humanos da Câmara convidou especialistas para um debate sobre o levantamento “Por Trás do Alimento”, que trata da contaminação da água por venenos, feito pelas organizações Agência Pública, Repórter Brasil e Public Eye a partir de informações disponíveis no Ministério da Saúde. A reunião foi solicitada pelo deputado Padre João.
Segundo o parlamentar, os exames encomendados pelas entidades encontraram resíduos de agrotóxicos nas águas consumidas por moradores de 1.300 cidades brasileiras, entre eles alguns classificados como extremamente tóxicos e até associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, disfunções hormonais e reprodutivas.
A denúncia foi confirmada por diversos debatedores, entre eles Murilo Mendonça, da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), que afirmou que “os dados são alarmantes, pois mostra a presença de um verdadeiro coquetel de agrotóxicos em um copo de água potável 25% dos municípios brasileiros”. O pesquisador afirmou que os dados não são ainda mais estarrecedores porque boa parte das prefeituras brasileiras “simplesmente” não dão informações ao Ministério da saúde sobre a qualidade da água em seus territórios.
Padre João lembra que isso acontece porque o Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos, e que o veneno não está apenas no alimento: “ele contamina as águas, os rios e o lençol freático, então respiramos, comemos e bebemos veneno. Temos que mudar nosso jeito de produzir, diversificar as culturas, apoiar a agroecologia como estratégia para garantir mais saúde e vida para todos”, pontua o parlamentar.