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Caratinga sedia 2ª Romaria das Águas e da Terra

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No último domingo, 4, foi realizada em Caratinga a segunda edição da Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. O deputado federal Padre João participou de mais essa edição, juntamente com milhares de fiéis de sete dioceses mineiras e capixabas, lideranças comunitárias e religiosas. A primeira Romaria aconteceu em Resplendor em junho do ano passado. O evento é uma iniciativa da Arquidiocese de Mariana e das Dioceses da Bacia do Rio Doce que foram atingidas pelo crime da Samarco/Vale/BHP Billiton com o rompimento da Barragem de Fundão em Mariana, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015.

 

“A Bacia do Rio Doce foi totalmente destruída e a lama matou dezenove pessoas. Depois de um ano e sete meses do crime, ninguém foi preso nem condenado. A Romaria é um grito pela defesa do meio ambiente, momento de reflexão, de luta pela Casa Comum; de denúncia contra este modelo econômico que destrói e mata”, enfatizou Padre João.

 

O bispo da diocese de Caratinga, dom Emanuel Messias de Oliveira, durante sua homilia, lembrou a solenidade de Pentecostes, considerando que a ação do Espírito Santo se manifestou na atitude profética dos milhares de Romeiros presentes, que denunciaram a exploração dos recursos naturais, da terra e da água, e anunciaram um novo tempo de cuidado com a Casa comum. “Os poderosos transformaram 800 quilômetros – de Mariana ao mar no Espírito Santo – de Rio Doce em um mar de lama. As consequências não são ainda mensuráveis. Os poderosos acabam com nossa terra e com nossas águas e, assim, humilham o povo. O agronegócio com hidronegócio roubam mais de 70% das nossas águas. Isso é inadmissível. Temos que lutar contra isso”, disse.

 

A 3ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce acontecerá na Arquidiocese de Mariana no dia 3 de junho de 2018.

 

Leia as deliberações e exigências compiladas na Carta de Caratinga:

Conscientes dos muitos desafios socioambientais enfrentados, exigimos:

    • Que as populações atingidas sejam ressarcidas economicamente pelas empresas responsáveis em seus irreparáveis prejuízos, e que essas sejam ouvidas, respeitadas e possam exercer livremente seus direitos de cidadania;

 

    • Que os pescadores, ribeirinhos, agricultores, quilombolas e povos indígenas sejam reconduzidos imediatamente aos seus postos de trabalhos e condições de vida;

 

    • Que a população de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo sejam protagonistas da reconstrução de suas casas e de suas vidas;

 

    • Que os governos federais, estaduais e municipais assumam plenamente sua parcela de corresponsabilidade na revitalização da Bacia;

 

    • Que o poder judiciário cumpra livremente sua função e faça valer a lei e os direitos dos atingidos, pautando suas decisões pelos princípios da ética, da justiça e da equidade;

 

    • Que as empresas Vale/BPH Billiton e a Samarco sejam verdadeiramente punidas e arquem com todos os custos financeiros na reconstrução plena das condições de vida na Bacia do Rio Doce;

 

    • Que o grito que vem dos povos, sai da terra e das águas, clamando por justiça, nos desafie a buscar novos modelos de cultivar, produzir, distribuir e consumir, respeitando a sabedoria dos camponeses e indígenas e promovendo novas formas de sustentabilidade, participando de grupos de reflexão, das comissões de meio ambiente em cada comunidade paroquial, de cooperativas, associações, sindicatos, conselhos de cidadania e partidos políticos comprometidos com a defesa dos pobres e da ética.

Fonte: http://www.arqmariana.com.br/noticia/850/carta-da-2-romaria-das-aguas-e-da-terra-da-bacia-do-rio-doce

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