Após o crime ocorrido em Bento Rodrigues (Mariana) em novembro 2015, os alertas de que novas tragédias fossem ocorrer se acenderam; porém foi preciso um novo acontecimento e, infelizmente, de maior proporção de perdas humanas, para que mais empenho fosse dado na proteção da nossa população, que há muito tempo vem sofrendo com o medo e a apreensão por residirem em áreas de abrangência das barragens e mineradoras espalhadas por Minas e pelo Brasil.
Preocupado com a situação vivida pelos moradores de Barão de Cocais, que desde o dia 8 de fevereiro vem sofrendo com a angústia da espera por explicações e soluções para o alerta de risco nível dois, divulgado pela Vale, o deputado federal Padre João (PT – MG) protocolou um requerimento na Comissão Externa constituída para acompanhar e fiscalizar as barragens existentes no Brasil. O pedido é para que seja feito um debate sobre os riscos do rompimento da barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco – da Vale S.A.
Entre os pedidos, Padre João requer um plano para o descomissionamento, que é o trabalho de retirada dos rejeitos da barragem e a revitalização da região afetada pela mineração, levando reparação integral dos danos ambientais e sociais causados na área. Também, foi pedido para que seja garantido o direito de informação e participação da população de Barão de Cocais.
Entre os convidados para o debate, além dos representantes do poder público e da própria Vale, o parlamentar requer que o convite seja remetido para representantes das comunidades atingidas; entidades e movimentos socioambientais, com destaque para o Movimento dos Atingidos pela Barragem (MAB), Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Sindicato dos trabalhadores – Metabase e dos Ministério Público Estadual e Federal.
Padre João também articula a instauração da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) – grupo formado por representantes do Senado Federal e a Câmara dos Deputados – com o objetivo de investigar supostas irregularidades que envolvam o licenciamento e trabalhos das mineradoras.
Entenda o caso:
Moradores das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, do município de Barão de Cocais, localizada a 100 km de Belo Horizonte, foram acordados de madrugada, no último dia oito de fevereiro, com o acionamento de uma sirene e a possibilidade de rompimento da Barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, de propriedade da empresa Vale S.A.
Segundo a empresa, a determinação pelo esvaziamento das residências partiu da ANM (Agência Nacional de Mineração) e é uma ação preventiva. Contudo, a população segue alarmada, sofrendo com a possibilidade de terem seus bens perdidos em um novo mar de lama e suas vidas interrompidas, assim como ocorreu em Brumadinho e em Mariana.