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Exortação do Papa Francisco anima lutadores e perseguidos em favor dos pobres

O deputado Federal Padre João ocupou a tribuna da Câmara, neste 10/04, para homenagear o Papa Francisco pela publicação da Exortação Apostólica – Gaudete et Exsultate – “Alegrai-vos e exultai”, lançada no dia 09 de abril 2018. O documento faz um apelo à santidade no mundo moderno.

 

O que marca o pontificado do Papa Francisco é seu testemunho, simplicidade, despojamento e alegria em seguir e servir a Jesus Cristo. Não é à toa que em seus documentos o tema da alegria está presente. Com apenas cinco anos de pontificado (eleito em março de 2013) já ofereceu aos católicos e as pessoas do mundo profundas reflexões e ensinamentos. São três as exortações apostólicas: Evangelii Gaudim, Amoris Letitia e agora Gaudete et Exsulate; duas encíclicas: Laudato Si e Lumen Fidei e 46 cartas apostólicas.

 

O tema desta exortação é tirado da passagem do Evangelho de São Mateus 5,12, quando Jesus discursa para a multidão na montanha e afirma: “bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.”

 

No sermão Jesus destaca as obras de caridade e a solidariedade àqueles que sofrem perseguição por defender os mais fracos, necessitados, estrangeiros, peregrinos, as minorias. E o Papa faz um apelo a todos nós pela santidade.

 

“Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais ( Capítulo I – Nº 14).

 

“Não é saudável amar o silêncio e esquivar o encontro com o outro, desejar o repouso e rejeitar a atividade, buscar a oração e menosprezar o serviço. Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste mundo, entrando a fazer parte do caminho de santificação. Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão.”

 

“Não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e serás fiel ao teu próprio ser.

 

O cerne da exortação revela o dilema que nossa sociedade está vivendo. “Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céus.”

 

Quem questiona a sociedade com seu jeito de viver, com testemunho e profecia, incomoda. “Para viver o Evangelho não podemos esperar que tudo à nossa volta seja favorável, porque muitas vezes as ambições de poder e os interesses mundanos jogam contra nós. Numa tal sociedade alienada, enredada numa trama política, mediática, económica, cultural e mesmo religiosa, que estorva o autêntico desenvolvimento humano e social, torna-se difícil viver as bem-aventuranças, podendo até a sua vivência ser mal vista, suspeita, ridicularizada. Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade.”

 

O próprio Papa, conforme temos visto, é também vítima de perseguição e de calúnias. Mas segue sua missão fiel ao Evangelho, à Igreja e aos santos como São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola e tantos outros mártires.

 

Padre João destacou o que vem ocorrendo em nosso país. Perseguições políticas e assassinatos de tantas lideranças que lutam por justiça. No país que se diz cristão, sessenta e quatro mil pessoas são assassinadas por ano. Uma guerra. E o pior de tudo isto é que vozes proféticas vêm sendo caladas, ameaçadas, eliminadas. Não podemos mais tolerar isto, ponderou.

 

Na opinião de Padre João o caso mais emblemático neste contexto é a perseguição e condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele, desde sua origem, é um dos mais perseguidos de nossa história. Porque? Porque nasceu de família pobre, viveu as maiores dificuldades, conhece a realidade da fome e da miséria não por literatura, mas na prática. Se tornou uma liderança e fez muito por nosso país, pela América Latina e África. Tornou-se uma referência mundial no combate à fome e à miséria e implantou políticas públicas de emancipação social,” afirmou.

 

Segundo o parlamentar é por esta razão que perseguem Lula e querem eliminá-lo da vida pública. E o Papa nos assegura que hoje existem santos com exemplos simples: uma mãe de família que luta para alimentar e educar seus filhos, com honestidade e trabalho, é santa. O mesmo acontece com o professor(a) que luta para compartilhar seus conhecimentos com os alunos, mesmo com dificuldades, é santa(o).

 

O documento papal nos anima e conforta. É um alento para todos aqueles que lutam por uma por uma sociedade mais justa, fraterna, solidária, mesmo com as dificuldades, não podemos desanimar. A luta continua. É nossa missão. Isto é exercer a profecia e é sinal da santidade, nos ensina o Papa.

 

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