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Registrados casos de água contaminada por agrotóxicos em Minas Gerais

 

Em 50 cidades mineiras já foram registradas a presença de 27 tipos de agrotóxicos na água e em dezenas de outras foram identificadas amostragens em menor variedade. O levantamento é do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2017. A qualidade da água consumida pelos mineiros foi assunto de uma audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

 

O debate foi solicitado pela deputada estadual Leninha (PT-MG), em parceria com o mandato do deputado federal Padre João (PT-MG), para ser trabalhado na Comissão de Direitos Humanos da ALMG. Em Brasília, na Câmara dos Deputados Federais, no último dia 12 de junho, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), também debateu o tema no âmbito federal.

 

Ambas as discussões foram abordadas por meio do levantamento “Por Trás do Alimento”, realizado pelas organizações: Agência Pública, Repórter Brasil e Public Eye, que revela que moradores de 1.300 cidades brasileiras estão bebendo água contaminada por agrotóxicos.

 

Os dados obtidos junto ao Ministério da Saúde, que periodicamente testa a qualidade da água que chega às torneiras das residências, revelou que os moradores de 25% das cidades brasileiras são submetidos a um verdadeiro “coquetel que mistura diferentes venenos”, dos quais muitos são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como extremamente ou altamente tóxicos, sendo alguns deles associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, má formação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas.

Cidades mineiras

A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA), segundo dados apresentados na Audiência Pública, está com postos de operação para análises na água em 50 municípios, sendo eles em: Alfenas, Andradas, Araguari, Araxá, Boa Esperança, Bom Sucesso, Botelhos, Buritis, Campo Florido, Campos Altos, Campos Gerais, Capelinha, Capinópolis, Carandaí, Caratinga, Carmo de Cachoeira, Carmo do Paranaíba, Centralina, Chapada Gaúcha, Coimbra, Coromandel, Formiga, Formoso, Frutal, Ibiá, Iturama, Jaíba, Janaúba, Laginha, Machado, Nepomuceno, Oliveira, Pará de Minas, Paracatu, Paraguaçu, Passos, Patos de Minas, Perdizes, Pirapora, Piumhi, Rio Paraíba, Santa Juliana, Santa Vitória, São Gonçalo do Sapucaí, São Gotardo, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Ubá e Uberlândia. Os postos foram montados com base em denúncias e dados do Ministério da Saúde.

 

Padre João defende que “o acesso a informações sobre contaminação da água de beber, como estas apuradas pelo Ministério da Saúde, deveriam ser divulgadas em formato simples, compreensível para os consumidores”, disse o parlamentar. A deputada estadual Leninha espera que Minas Gerais seja referência no âmbito nacional no combate ao uso dos agrotóxicos, para contrapor a política atual do governo federal em liberar mais veneno para as mesas. “Outros países da Europa não querem, inclusive, comprar produtos brasileiros com tanto veneno. Essa liberação exagerada de veneno aqui no país nos preocupa”, afirma Leninha.

 

“O Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. O veneno não está só no alimento. Ele contamina as águas, os rios e o lençol freático. Os dados são alarmantes. Comemos veneno, bebemos veneno e respiramos veneno. Temos que mudar nosso jeito de produzir, respeitando o meio ambiente, as águas e as florestas. Chega de veneno! Temos que ter uma cultura diversificada, agroecológica e orgânica”, afirmou Padre João na audiência.

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