Há três anos o Brasil presenciava o maior crime socioambiental de sua história: o rompimento da barragem da Samarco/Vale/BHP Billiton em Fundão, distrito de Mariana. A data lembrada nessa segunda-feira, 5, foi marcada por protestos. O deputado federal Padre João sempre esteve junto aos atingidos na luta pela reparação dos danos causados às famílias e ao meio ambiente. O parlamentar promoveu audiências públicas, participou de atos e debates exigindo justiça. Nessa quarta-feira, 7, ele usou a tribuna da Câmara para criticar o descaso dos responsáveis e das autoridades.
Indignado, Padre João contabilizou na tribuna que o desastre matou, além de 19 pessoas, todo um ecossistema, do qual dependia milhares de outras vidas. “Falo do descaso que está havendo com os pescadores, com os agricultores familiares, com os moradores ribeirinhos, do descaso com a Nova Bento Rodrigues. Eles destruíram a comunidade de Bento Rodrigues, um distrito secular de Mariana, e centenas de famílias estão sem casa, estão dispersas há três anos”, protestou, afirmando que neste tempo empresas responsáveis não construíram nenhuma casa.
“Vimos também denunciar o descaso de setores do Judiciário que estão a favor dessas megaempresas e o descaso dos governos, que, em vez de enquadrarem os responsáveis e exigirem reativação econômica e indenização, agem com descaso. É lamentável que, para os pobres, não haja justiça, a não ser para punir. Esse mau poder econômico vem destruindo as vidas das águas, das matas e também das próprias pessoas”, denunciou.
Também foi alvo de críticas pelo deputado a ações da Fundação Renova, criada para compensar e reparar estragos do acidente. “Inventaram e criaram a Renova só para enganar, tapear e adiar o processo. São milhares e milhares de famílias atingidas por esse crime que não têm sequer indenização. Enquanto isso, existem pessoas que nem precisavam e estão recebendo! Então, vimos, mais uma vez, apelar ao Judiciário, ao Ministério Público e aos governos que façam, de fato, justiça para os pobres e o Rio Doce e garantam qualidade e dignidade”, reivindicou Padre João.